Os concorrentes do programa Hell’s Kitchen, António Pedro e Diogo Filipe, conversam na sua cozinha com a RPL sobre a aventura que é apostar num conceito inovador como o restaurante Hell’s Table – projeto que surgiu após a participação dos três candidatos no programa televisivo.
Quem é o mais criativo?
(António) Eu acho que não há uma resposta…
(Diogo) Eu acho que depende da área.
(António) Exato, cada um com o seu estilo e a sua filosofia.
Quem gosta mais de comer?
(Diogo)- É o Pedro!
E de cozinhar?
(Diogo) Também!
(António) Somos os dois, somos os dois.
(Diogo) Não, mesmo em casa é ele que cozinha mais.
Qual é a melhor forma de lidar com o caos?
(António) Acho que a maneira mais fácil é primeiro saber para aquilo que vamos. Se vamos para um restaurante com estrela Michelin, sabemos que vamos ter um tipo de pressão diferente do que se estivermos a trabalhar em um restaurante de cozinha tradicional, onde se serve diárias, por exemplo. Portanto, acho que conforme o sítio em que estamos a pressão também é diferente. Depois, o facto de saber lidar, acho que vai muito da capacidade de saber ouvir, aprender e depois executar aquilo que nos estão a pedir.
(Diogo) Nós desde o curso e das primeiras experiências logo a partir dos estágios – eu falo por mim – temos logo a consciência que isto não vai ser fácil. Desde perder fins de semana, Natais, Passagens de Ano, dias mais especiais, supostamente para estar com a família. Então, supostamente, toda a gente deve trabalhar por objetivos. Temos de pôr um objetivo na cabeça e quando esses maus momentos chegam, é só mais um capítulo e não há nada como descansar bem durante a noite.
(António) Verdade, verdade!
Como inovar na gastronomia?
(António) Acho que o mais importante de tudo é primeiro ter as bases, saber cozinha básica, saber elaborar as coisas como deve ser. Depois organizar e só depois vem a parte criativa. Porque se nós não tivermos bases, nós não podemos criar nada. Portanto, eu acho que vem sempre daquilo que nós sabemos como bases, em termos de fazer os molhos, em termos de tempos de cozedura, em termos de tempero, em termos de organização, só depois vem a parte criativa.
(Diogo) Sim, eu também concordo com o Pedro. Nós a partir do momento em que temos umas boas bases, depois trata-se também de ser um bocado atrevido. Mesmo nos trabalhos que vamos tendo, nós aprendemos sempre a executar aquilo que os Chefs pedem, mas às vezes os Chefs não estão presentes e não há nada como inventar um bocadinho, pôr disto ou pôr daquilo, ou fazer de maneira diferente e às vezes descobre-se muita coisa assim. Mas acho que principalmente é ter as bases. Depois supostamente ninguém fica contente com aquilo que é, então a evolução vem por si mesma. Quando nós estamos fartos de fazer sempre a mesma coisa, acho que se torna automático tentar evoluir.
Qual é o ingrediente que não pode faltar no vosso restaurante?
(António) O que não pode faltar?
(Diogo) Carne!
(António) Para mim vegetais, para ele carne.
(Diogo) Não, acho que o projeto nasceu de nós os três termos experiências diferentes. Então, nós antes de fazer qualquer coisa, reunimos, fazemos briefings. A maior parte das vezes vamos fazer um prato e o prato acaba totalmente diferente, porque quando o estamos a provar há sempre alguém que tem uma dica a dar e claro que faz com que o prato eleve, basicamente assim, a sua conclusão. A gente vai trabalhar com tudo, ter um pouco de tudo, mas basicamente vai ser mais carnes, produtos. Qualquer que seja o produto que nós trabalharmos vai ter de ser de alta qualidade.
Falem-nos do vosso menu.
(António) Como disse no início, cada um tem o seu estilo e filosofia relativamente à cozinha- Eu penso de uma maneira, o Diogo de outra e o Lucas de outra. Não há nada de errado nisso e isso é o que acho que é importante e é o divertido, juntarmo-nos e fazermos uma coisa assim. E o menu que nós estamos a criar vai ter o cunho dos três. Vai ser uma mistura daquilo que cada um aprendeu, que cada um idealiza para a sua cozinha. A elaboração do próprio menu vai ter sempre essas bases.
(Diogo) Sim, e nós ao servirmos só entre 6 a 8 pessoas, o nosso menu vai ser bastante personalizado. Ou seja, o António é que está na parte das reservas e atender telefones – ele tem jeito para isso – e logo uma das perguntas que fazemos é se existem restrições alimentares. Há pessoas que não gostem disto ou daquilo, então basicamente o nosso menu quase que vai ser pensado nas pessoas que fazem a reserva. Ainda há pouco tempo recebemos uma chamada de uma senhora que era vegan, mas os amigos não, se havia problema. Não vamos ter problema nenhum em fazer um menu vegan para essa senhora e para os restantes companheiros é totalmente diferente.
(António) Exato.
(Diogo) Nós queremos é marcar as pessoas pela experiência toda em si. Não só pela comida, mas a convivência, o espaço, as nossas personalidades a servir à mesa também. Ou seja, queremos tornar uma noite inesquecível onde saem daqui com boas recordações e digam aos amigos na rua “Ali foi espetacular!”
(António) Sim, acho que é muito por aí. E o menu, lá está, um menu fixo, ou seja, não vai ser um menu à carta como os restaurantes tradicionais. As pessoas vão comer aquilo que nós decidirmos e adaptamos sempre o menu conforme as épocas dos vegetais e dos frutos. As carnes também vai sempre depender do tipo de corte das que vamos querer apresentar, que é peças grandes, com ou sem osso. Portanto, o menu vai ser sempre construído nessa base.
Qual sentem que é o vosso maior desafio neste momento?
(António) O maior desafio?
(Diogo) Eu acho que, na minha opinião, o maior desafio é as pessoas confiarem em nós. Basicamente, elas vêm a um sítio, sabem o valor, mas não sabem o que vão comer. Mas é assim, acho que vão ser surpreendidos pela positiva. Nós andamos a trabalhar para isso. Já estamos há cerca de 2 meses a pensar nas coisas. Esta última semana dormimos 4 horas, não folgamos há 1 mês. Nós queremos ir ao pormenor, ao detalhe, queremos a diferença em tudo e vai ter muitas mini surpresas, vão ser agradáveis, nós não podemos estar aqui a divulgar, que é mesmo para ter mais esse impacto ainda, quando as pessoas se sentarem na mesa, verem certos pormenores.
Descrevam o restaurante numa palavra.
(António) Descrever o projeto numa palavra? Extravagante! Acho que é uma boa palavra.
(Diogo) Extravagante.
Tem tudo para correr bem, então!
(António) Só pode correr bem, que é diferente. Isto não há outra hipótese.
(Diogo) Se correr mal, nós temos aqui muitas facas também.
[risos]
E como não pode deixar de ser, não podemos deixar de fazer aqui uma questão. Qual foi a melhor coisa do Hell’s Kitchen?
(António) Eu acho que – falo por mim – o mais positivo que aconteceu foi o facto de nos juntarmos os três. Porque o facto de ganhar A, B ou C, ou de ser eliminado A, B ou C, independentemente da fase do concurso que é, se não tivéssemos ido a concurso, não nos tínhamos juntado os três. Portanto, eu acho que essa é a parte positiva do programa.
(Diogo) Faço do António das minhas palavras.
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